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FITOPROTETORES BOTANICOS: UNIÃO DE SABERES E TECNOLOGIAS

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Descrição

As plantas, por natureza, incapazes de fuga imediata, desenvolveram mecanismos de defesa para garantir a sua sobrevivência. Entre esses mecanismos estão a dispersão, a associação com outras espécies e a tolerância ou confrontação com herbívoros por meio de adaptações que podem ser morfológicas, químicas ou relacionadas à utilização de recursos. No que se refere às adaptações químicas, um grupo de substâncias denominadas metabolitos secundários fornecem vantagens adaptativas relacionadas a outras plantas, como a alelopatia, atratividade por polinizadores e dispersores, e proteção contra herbívoros e patógenos. Essas características coevolutivas de relação das plantas com o seu ambiente fazem delas importantes ferramentas para a transição agroecológica pelo uso dos fitoprotetores botânicos na agricultura, cuja utilização não é prática recente. Na índia, há cerca de 4.000 anos, já eram utilizados derivados botânicos para o controle de organismos indesejados nas plantações. No Egito, durante a época dos faraós, e na China, há 3.200 anos, usavam-se substâncias extraídas das plantas para controle de insetos e fungos em grãos armazenados. Anteriormente à Revolução Verde, as substâncias derivadas das plantas incluíam as principais alternativas para o manejo dos agroecossistemas. Nos anos 50, 60 e 70 esse conhecimento foi desprezado e substituído pelos biocidas sintéticos que passaram a ser utilizados em larga escala.

A partir da década de 80, frente às evidências dos primeiros impactos da Revolução Verde sobre a mortalidade de organismos benéficos, resistência de organismos aos produtos industriais, contaminação do ambiente e dos alimentos e riscos eminentes à saúde humana, iniciou-se o resgate do uso das plantas como fontes de fitoprotetores botânicos. Nos últimos anos essa área de conhecimento vem se fortalecendo por inúmeras pesquisas realizadas em todo o mundo. A ação dos fitoprotetores botânicos pode se dar por sua introdução nos cultivos (consórcio, trampas, barreiras) ou sob a forma de derivados botânicos (fermentados, extratos, óleos, aplicações de partes da planta fresca ou desidratada), adicionadas a biofertilizantes, preparados homeopáticos e biodinâmicos. Podem ser utilizados no tratamento de sementes, produtos armazenados, substratos, pulverizados sobre os cultivos, incorporados ao solo ou simplesmente introduzidos vivos no sistema. A utilização dessa prática deve considerar soluções adequadas à realidade local das populações do campo, isto é, ambientalmente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente aceitas.

Vale lembrar que, em contraponto aos dados que põem o Brasil no topo do consumo mundial de agrotóxicos sintéticos, o país também é detentor da maior biodiversidade botânica do mundo, o que torna altamente desejável o desenvolvimento ações voltadas para o aproveitamento das espécies úteis, aliadas à manutenção do equilíbrio dos agroecossistemas e ecossistemas naturais. As principais vantagens relacionadas à utilização dos fitoprotetores botânicos consistem na menor probabilidade de resistência por parte dos organismos, menor toxicidade ambiental e à saúde humana, compatibilidade com outras práticas de manejo agroecológico, disponibilidade de matéria-prima, rápida biodegradação, reconhecimento pelas comunidades do campo e a multifuncionalidade das plantas no ambiente. Como a utilização de fitoprotetores botânicos é uma prática utilizada por agricultores tradicionais, é fundamental que seja trabalhada em nível de resgate de conhecimento a partir de levantamentos etnobotânicos que poderão servir de importante fonte de inovação para a pesquisa. Assim, as pesquisas devem ser orientadas para utilização de espécies locais, de preferência, oriundas do saber popular. Por último, precisa-se atentar para o fato de que espécies importantes no âmbito da transição agroecológica vêm sendo ameaçadas por práticas convencionais, como o uso cada vez mais expressivo e naturalizado de herbicidas como o glifosato, fato que coloca em risco não apenas as plantas e seus atributos, como também o conhecimento acumulado sobre elas e a autonomia das pessoas diante da autogestão da natureza em seus territórios.

INTRODUÇÃO – 19
CAPÍTULO 1
1.1 AGROECOLOGIA: CONEXÃO DE SABERES PARA AGRICULTURA SOBERANA – 25
1.2 (DES)ENVOLVIMENTO, TECNOLOGIAS E SUSTENTABILIDADE – 31
1.2.1 Agroecologia para além da técnica – 35
1.2.2 Etnociência em um novo horizonte tecnológico – 40

CAPÍTULO 2
1.1 A SAÚDE DAS PLANTAS NA PERSPECTIVA AGROECOLÓGICA: PARA ALÉM DO MÍNIMO – 47
1.1.1 Desconstruindo as pragas – 50
1.1.2 Trofobiose como pré-requisito à saúde das plantas – 54

CAPÍTULO 3
3.1 AS PLANTAS BIOATIVAS COMO FITOPROTETORES BOTÂNICOS – 59
3.1.1 Contextualização e uso histórico – 60
3.1.2 Fitoprotetores botânicos na transição agroecológica – 65
3.1.3 Origens coevolucionárias da aplicabilidade agrícola – 69
3.1.4 Diversidade botânica e suas implicações no manejo de insetos – 75
3.1.4.1 A diversificação botânica no equilíbrio populacional de insetos – 76
3.1.4.2 Derivados botânicos no manejo de insetos – 86
3.1.5 Fitoprotetores botânicos no manejo de fitopatógenos – 97
3.1.6 Antagonismo vegetal no manejo de espécies espontâneas – 105
3.2 FITOPROTETORES BOTÂNICOS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA: LIMITES E POSSIBILIDADES – 110
3.3 PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS E USO PRÁTICO DOS FITOPROTETORES BOTÂNICOS – 119

CAPÍTULO 4
4.1 FITOPROTETORES BOTÂNICOS ALIADOS AO MANEJO AGROECOLÓGICO DE HORTALIÇAS NO TERRITÓRIO ZONA SUL, RS, BRASIL – 135
4.2 O TERRITÓRIO – 137
4.3 INVESTIGAÇÃO ETNOBOTÂNICA – 140
4.4 RESGATE E CONSTRUÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO – 141
4.5 PERFIL DAS(OS) INFORMANTES-CHAVE – 142
4.6 OS FITOPROTETORES BOTÂNICOS NA PERSPECTIVA DAS(OS) INFORMANTES-CHAVE – 144
4.6.1 Tecnologias sociais geradas a partir da observação – 158
4.7 RESGATAR CONHECIMENTO, VIVERA COMPLEXIDADE – 163

CAPÍTULO 5
5.1 PESQUISA E AÇÃO SUBVERTENDO A LÓGICA DA TECNOCIÊNCIA – 167
5.2 PLANTAS, COLETA E ELABORAÇÃO DE EXTRATOS – 168
5.3 BIOENSAIOS COM INSETOS – 171
5.3.1 Repelência – 173
5.3.2 Mortalidade – 174
5.3.3 Sobrevivência e reprodução – 175
5.4 ARRUDA – 176
5.5 CINAMOMO – 180
5.6 CHINCHILHO – 187
5.7 URTIGA – 197
5.8 SAMAMBAIA – 202
5.9 JURUBEBA - 208
5.10 RETORNO À COMUNIDADE – 212
CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS – 217
REFERÊNCIAS – 221
ÍNDICE REMISSIVO – 273

Autora: Patrícia B. Lovatto
Ano: 2020
Número de Páginas: 282
Tamanho: 23 x 16 cm
Editora: Appris
Acabamento: Brochura
ISBN: 9786586034721


CNPJ: 48.477.867/0001-69 - Email: pldlivros@uol.com.br - Fone: (19) 3423 3961 - Piracicaba/SP

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